Uma máscara de piedade
B’SD
TOLDOT
E Esau era um perito caçador (25, 27).
Um perito caçador: tinha o costume de perseguir e tirar vantagem do
seu pai com sua boca, fazendo-lhe perguntas de uma excessiva pretensa
devoção; por exemplo: “Por favor, pai, como se paga o dízimo do sal
e da forragem? (Rashi)
A Máscara de Devoção
Um dia uma mulher chegou no Reb Avraham Iehoshua Heschel de Apta, apelidado o Ohev Israel, e lhe fez a seguinte pergunta: desde antes e Purim ela lavava a roupa e a engomava usando fécula de batata; considerando as proibições de uso de levedura (chamets), ela queria saber se podia usar o quarto onde deixava a roupa secar em Pessach.
“Vou contar-lhe uma história, respondeu o tsadic. Escuta bem, por favor. Há muito tempo num certo vilarejo vivia um fazendeiro judeu que tinha uma estalagem e, de acordo com o costume, vendia vodca aos camponeses não judeus. O padre da cidade, um anti-semita feroz, anunciou que não ia mais confessar aqueles paroquianos que continuassem a se abastecer no judeu; sua ameaça foi logo seguida de efeito. O estalajadeiro, constatando o declínio do seu comércio, perguntou o que lhe criticavam. Informado das razões dessa deserção, declarou: “eu mesmo vou confessá-los, sem discriminação, e assumirei os pecados de vocês.”
“Com um natureza prática por natureza, os camponeses apreciaram a proposta e se apressaram a explorar as vantagens tanto espirituais quanto espirituosas da situação. Os negócios do judeu floresceram como nunca antes. Um belo dia, aparece um camponês na estalagem e se detém.
“Eh, você, exclamou o estalajadeiro, entra!
- É que, murmurou o camponês, gostaria de me confessar, porque cometi um pecado.
“Este é o diálogo que se seguiu:
O estalajadeiro. - Diz, meu valente, qual é o teu pecado?
O camponês. - Roubei uma corda.
O estalajadeiro. - Devolve-a ao seu proprietário.
O camponês. - Mas eu não sei a quem ela pertence.
O estalajadeiro. - Então dá uma esmola num valor equivalente ao seu preço, assim vai expiar o teu pecado.
O camponês. - É que cometi outro pecado.
O estalajadeiro. - Qual?
O camponês. - Queria roubar a corda mas tinha dois bois amarrados.
O estalajadeiro. - E o que fizeste com eles?
O camponês. - Matei.
O estalajadeiro. - Então dá uma importância equivalente ao preço de dois bois.
O camponês. - Mas tem mais. Esses dois bois estavam atrelados a uma carroça, e também roubei a carroça.
O estalajadeiro. - E o que fizeste com essa carroça?
O camponês. - Fiz lenha.
O estalajadeiro. - Em tal caso, doa também o valor de uma carroça e tua penalidade será perdoada.
O camponês. - Mas quando roubei a carroça, tinha uma criança dormindo dentro dela.
O estalajadeiro. - E o que fizeste com esta criança?
O camponês. - Eu a matei.”
E quando o tsadic de Apta transmitia as últimas palavras do camponês segurou a cabeça entre as mãos e exclamou: “Matei! Matei!”
A mulher caiu de joelhos, e explodiu em amargos soluços e com a voz alterada revelou sua própria história ao tsadic: tinha dado à luz uma criança ilegítima e a tinha matado e agora estava tentando se redimir.
O tsadic criticou primeiramente ela ter-lhe feito hipocritamente uma pergunta fútil sobre a goma em vez de explicar-lhe o verdadeiro motivo da sua visita. Depois, convencido do seu real arrependimento, ensinou-lhe o meio de se arrepender e ela se tornou uma sincera penitente.