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KI TAVO

PARASHAT QUI TAVÓ

· A mitsva de trazer as primícias da colheita ao Beit Hamicdash - Bicurim

· Duas vezes a cada sete anos, o judeu deve declarar que separou todos os maassarot (dízimos) como está prescrito - Vidui maasser

· Moshé resume: a finalidade do estudo da Torá é sua observância. Ele promete que os judeus receberiam os elogios de todas as nações.

· A mitsva de escrever a Torá sobre pedras monumentais ao entrar em Israel

· A mitsvá de pronunciar as bênçãos e as maldições sobre o Monte Guerizim e sobre o Monte Eval

· Diferenças entre as bênçãos e as repreensões citadas aqui e aquelas da Parashá Bechucotai

· A repreensão divina

· A finalidade da repreensão

· Moshé repete com força que D’us fez todos os milagres no Egito e no deserto com a finalidade de incitar poderosamente os judeus a serem fieis à Torá.

Andarás às cegas, tateando na escuridão!’ “Raboteinu Falam”: Rabi Iossi conta: “Toda minha vida me interroguei sobre este versículo: ‘Andarás às cegas, tateando na escuridão!’ Porque na ‘escuridão’? Um cego tateia mesmo em pleno dia! “Até que encontrei em plena noite um homem cego com uma lanterna ‘Para que pode te servir esta lanterna, homem’, perguntei, ‘você não pode vê-la!’ “Ele me explicou: ‘Quando carrego a luz, outras pessoas percebem a minha presença e podem me indicar os acidentes do terreno, os buracos e outros obstáculos no meu caminho.’” A Torá prediz que se os Judeus a abandonarem serão “cegos na escuridão”. Além da confusão de estarem (espiritualmente) perdidos, não terão ninguém que os ajude e os aconselhe.

Si’há do RAbbi: Escolheste D’us e D’us te escolheu”. Este versículo que nossa parashá cita, que nos fala da entrada e da instalação do povo judeu na terra de Israel, alude a duas etapas no serviço do homem ao seu criador. Quando somos apanhados pelos deveres do mundo material que estão, de acordo com a expressão do Tania “cheios de clipot (forças do mal)”, é bom lembrar que nós “escolhemos”; de acordo com a primeira explicação de Rashi, isso quer dizer que D’us nos “tirou” e nos “separou”; apesar de estarmos num mundo material, somos capazes de transcender. Mas, se apesar disso a pessoa falha na sua missão e transgride o caminho da Torá e das Mitsvot, precisa então ver a segunda explicação de Rashi: “é um termo que expressa a beleza, como no versículo: “os artesãos do mal serão bonitos”; pela Tshuva (o retorno a D’us) podemos transformar nossos erros em bem, os artesãos do mal também serão bonitos, a pessoa consegue transformar suas faltas em méritos.

18 de Elul CHAI ELUL- Aniversário do nascimento do Rabi Israel Baal Shem Tov (1698)

e do Rabi Shneur Zalman de Liadi (1745) A vida (‘Hai)  em Elul - Toda a vitalidade do mês de Elul está contida no dia 18 do mês e 18, em hebraico, se diz (Chai), vivo. O Rebe Raiats dizia em nome dos chassidim de antigamente, sobre o aumento do dia 18, que este dia introduz a vitalidade do mês. O que é o mês de Elul? É a retificação do ano que passou por meio da Tshuvá e esta Tshuvá ocorre no mês de Elul; então mereceremos no ano que vem um ano bom e doce. Dia 18 de Elul introduz toda a vitalidade que vamos precisar para fazer o trabalho próprio do mês e em geral, vai dar a força para fazer a Tshuvá. Mas essa Tshuvá não a fazemos como um robô, de maneira repetitiva; precisamos de uma motivação própria, profunda e adequada. E não só isso, precisamos vitalidade e vigor (Chaiut). Chai Elul é o dia do nascimento do Baal Shem tov. É o seu nascimento físico e o aniversário da sua alma, que desceu no seu corpo nesse dia, após tantos anos. O Baal Shem Tov revelou a Chassidut em geral. Mais tarde o Admor Hazaquen fundou a Chassidut Chabad. E seu aniversário é também Chai Elul. Nesse dia é a revelação da Chassidut em geral e da Chassidut Chabad em particular e esse dia traz toda a vitalidade às coisas do mês de Elul. Mas há algo que não compreendemos. A vitalidade está ligada a Simchá, alegria. Se é assim, como querem estar mais alegres no mês de Elul, mês em que deve se fazer Tshuvá? Como introduzir a vitalidade no mês de Elul? TSHUVÁ é lamentar-se das coisas do passado e o compromisso, a decisão de fazer o bem no futuro. Quando se faz Tshuvá, se está no ‘amargor’; como estar então na alegria? O Rambam diz que devemos fazer qualquer mitsvá com alegria. Quando cumprimos qualquer mitsvá estamos realizando a vontade de D’us. Agora me digam, quem é aquele que não está alegre ao fazer a vontade de Hashem, Bendito Seja? A Tshuvá é também uma mitsvá. E está bem claro que cada mitsvá, inclusive a Tshuvá, deve se fazer na alegria, já que ao cumpri-la estamos realizando a vontade de D’us. Faz-se uma mitsvá, qualquer que seja, é o bastante para ficarmos felizes! Graças à Chassidut e à sua luz o dia 18 de Elul transforma o amargor de uma Tshuvá em alegria. A Simchá não está, portanto em contradição com o amargor. Concretamente, como fazer Tshuvá com alegria? O Admor Hazaquen diz no Tania que o choro está fixo num lado do meu coração e a alegria está fixa do outro lado do meu coração. Realiza-se ao mesmo tempo e no mesmo lugar duas coisas opostas: Amargor e alegria. Quando um judeu faz Tshuvá e se empenha contra seu Ietser Hará, ele sente amargura sobre os atos passados. Mas quando chega o momento da alegria? Quando ele se aproxima de D’us e sabe que D’us quer perdoá-lo; ele tem a certeza que D’us vai perdoá-lo. ESTE É O MOTIVO DA SUA ALEGRIA.

O Baal Shem Tov e o Rabbi Shneor Zalman

Era quarta-feira dia 18 Elul 5505 (1745). Quando o Baal Shem Tov entrou na casa de estudo, ele estava especialmente alegre. Ele próprio dirigiu a reza nesse dia, com ar de festas. Os Chassidim ficaram particularmente surpresos. Eles ficaram ainda mais espantados quando viram que o Baal Shem Tov não recitava a reza do “Tachanum”. Quando ele anunciou um pouco mais tarde que ele tinha a intenção de fazer uma “refeição de Mitsva”, eles entenderam que este dia devia ser excepcional. Mas qual era o motivo dessa alegria? Ninguém ousou perguntar. Depois, o próprio Baal Shem Tov deu a explicação.

“Foi na quarta-feira, quarto dia da semana que D´us iluminou o mundo com o sol, a lua e as estrelas. A Haftaradesta semana começa pelo versículo “Levante-se, Minha luz”. Hoje, D´us ofereceu para o homem uma “nova alma”, que iluminará a escuridão com sua Tora e com seu serviço de D´us.”

Foi assim que o Baal Shem Tovanunciou a boa notícia. Uma criança tinha nascido, e depois se tornaria famosa por sua grande erudição, por sua Chassidut e por seu amor pelo povo judeu. No ano precedente, em Elul, um jovem casal de Lyozna, o Rabbi Baruch e sua esposa Rivka, tinham visitado o Baal Shem Tov. O Rabbi Baruch fazia parte da “confrérie dos Tsaddikimescondidos”, que eram Chassidim do Baal Shem Tov e tinham a aparência de homens populares para executar as missões que eles recebiam de seu mestre, a fim de trazer uma ajuda material e espiritual para seus irmãos.

O Rabbi Baruch era um grande Tsaddik e um erudito. Sua mulher era correta, virtuosa e também dedicada ao estudo. Os dois tinham vindo visitar o Baal Shem Tov para lhe pedir uma bênção para ter um filho. Sua bênção foi realizada no dia 18 Elulseguinte, dia do aniversário do Baal Shem Tov, que nasceu nesta mesma data, quarenta e sete anos mais cedo. A criança foi chamada de Shneor Zalman.

O Baal Shem Tov mostrou aos pais de que maneira eles deveriam educá-lo e, quando o Rabbi Baruchveio de noite em ocasião de Rosh Hachana, ele fez perguntas a respeito. Foi assim todos os anos, e o pai feliz falou para o Baal Shem Tov, quando Shneor Zalman completou um ano, que ele falava como um adulto, e quando ele fez dois anos, que ele tinha uma memória fora do comum e uma inteligência excepcional.

Quando a criança completou três anos, ele foi levado para o Baal Shem Tov para que ele cortasse seus cabelos pela primeira vez. Depois da reza, ele foi levado para o quarto do Tsaddikque cortou seus cabelos e lhe deu “Peot”. Em seguida, ele colocou suas mãos sobre a cabeça da criança e o abençoou. Depois, a mãe e o menino voltaram para casa. Durante o caminho de volta a criança perguntou:

“Quem é este homem que cortou meus cabelos, que me deixou Peot e me abençoou colocando suas mãos sobre minha cabeça?”

A mãe respondeu:

“É seu avô.”

E, na verdade, durante toda sua vida, o Rabbi Shneor Zalman dizia “meu avô” quando se referia ao Baal Shem Tov.

Quando o ShneorZalman fez cinco anos, seu conhecimento sobre a Tora era enorme. Ele era capaz de explicar claramente o trecho mais complicado do Talmud. Ele continuou assim seus estudos durante mais dez anos. Suas capacidades fora do comum faziam com que ele assimilasse tudo de maneira clara e não se esquecesse mais. Ele contou mais tarde que ele sofreu ao perceber até que ponto o estudo era fácil para ele, e não exigia nenhuma concentração particular. A impossibilidade de adquirir a Tora com esforços lhe fazia falta. Desde muito cedo, ele sentia um amor infinito por cada judeu, fosse ele erudito ou ignorante. Quando ele fez sua Bar Mitsva, o jovem Shneor Zalman recebeu o título de “Gaon”.

Ele se casou com quinze anos e se estabeleceu em Vitebsk. Com o dinheiro que ele recebeu em ocasião de seu casamento, ele comprou terras onde instalou famílias judias, para que elas se dedicassem aos trabalhos agrícolas. Durante toda sua vida, ele se inquietou com a subsistência material dos Judeus. Ele escolheu também professores para ensinar a Tora para seus filhos. Com quinze anos, o Rabbi Shneor Zalman escolheu alguns jovens e ele próprio lhes ensinou a Tora e a Kabballadurante três anos.

Parece que o Baal Shem Tov se escondeu do Rabbi Shneor Zalman. Na verdade, ele explicou ao seu discípulo, o Maguid de Mezeritch, que ele queria que este viesse vê-lo com iniciativa própria, sem influência exterior. Com vinte anos de idade, o Rabbi Shneor Zalman decidiu, com o acordo de sua esposa, a Rabbanit, sair de casa para estudar a Tora exilado, durante alguns anos. Ele foi então para Mezeritch e se tornou o Chassid do Maguid, Rabbi Ber. Dois anos mais tarde, ele foi nomeado o Maguid de Lyozna. Com vinte e cinco anos, ele começou a redigir seu Chul´chan Aruch, a pedido do Maguid de Mezeritch. Sua obra, que foi chamada “Chulchan Aruch do Rav”, fez com que ele fosse reconhecido por todo o povo Judeu como um erudito com grandes conhecimentos.

Quando o Rabbi Ber, o Maguid de Mezeritch, deixou este mundo em 5533 (1773), o Rabbi Shneor Zalman se tornou chefe dos Chassidim Chabad. Uma fase nova e particularmente rica de sua vida começava então. O Rabbi Shneor Zlaman escrveu muitos livros, cujo mais famoso é o Tanya, que é a obra fundamental da Chassidut Chabad. Este livro foi impresso pela primeira vez quando o Rabbi Shneor Zalman tinha cinqüenta e dois anos e já tinha muitos Chassidim. Desde então, centenas de edições do Tanya apareceram, praticamente em todos os países do mundo.

O Rabbi Shneor Zalman deixou este mundo no final do Shabat, véspera do dia 24 Tevet 5573 (1813). Que seu mérito seja nossa proteção.

1. Em direção a Petersburgo

Toda a cidade de Lyozna ficou estupefata quando soube que o Rabbi Shneor Zalmanseria preso e levado para Petersburgo para ser ouvido. O pavor substituiu o estupor quando os soldados se posicionaram envolta da casa do Rabbi. Ele foi levado para a capital na charrete preta que era usada para levar os condenados, acusados dos erros mais graves e particularmente aqueles que se revoltassem contra o Tsar.

Sob boa vigilância, a charrete foi até Petersburgo. Ele fez o caminho de uma só vez. Era uma sexta-feira e o pôr do sol se aproximava. O Rabbi pediu ao chefe dos guardas a autorização para parar num albergue para passar o Shabat. Mas o oficial zombou dele.

“Você é um prisioneiro. Com que direito você se permite dar ordens? Nós devemos seguir nosso caminho até Petersburgo, de acordo com as instruções que eu recebi.”

“Entretanto você não pode me obrigar a transgredir o Shabat!”

O oficial se fingiu de surdo e disse de uma vez por todas que ele só interromperia a viagem para mudar de cavalos, quando estes estivessem cansados.

O Rabbise calou. Alguns instantes mais tarde, um dos eixos da charrete quebrou e a viagem foi interrompida para que os soldados o consertassem. A viagem continuou mas, algum tempo depois, um outro eixo quebrou. Ele foi também consertado e, um pouco mais adiante um cavalo caiu e morreu.

Vendo tudo isso, o oficial se conscientizou das forças sobrenaturais do Rabbi e não ousou mais negar um refúgio para ele. Ele mandou que o cocheiro procurasse um albergue para que o Rabbi Shneor Zalman pudesse passar o Shabat.

2. Na prisão

No final do Shabat, a viagem foi retomada para Petersburgo. Lá, o Rabbi foi colocado, em segredo, numa cela reservada para os condenados, acusados dos crimes mais graves. Quando ele ficou sozinho ele começou a rezar e a estudar a Tora.

Ele estava no meio de sua reza quando a porta se abriu. Um representante do ministro, encarregado pessoalmente do negócio, entrou na cela. Vendo o Rabbi rezar, ele sentiu que estava diante de um homem santo. Emocionado, ele ficou em pé durante um bom momento e contemplou o Rabbi que rezava. Em seguida, ele se dirigiu ao Rabbicom um grande respeito. Ele percebeu rapidamente que um homem como este não poderia ser um criminoso perigoso, que conspirasse contra o Tzar.

O homem, que conhecia a Bíblia e o Judaísmo, perguntou ao Rabbi:

“Tem alguns versículos da Tora que eu leio e releio sem compreendê-los realmente. Desse modo, quando Adão fez um erro e se escondeu, D´us lhe chamou e lhe perguntou:

“Onde você está?”

Estou aqui, ele respondeu”.

Qual é o sentido dessa pergunta divina? D´us não sabia onde estava o homem?”

O Rabbi lembrou o comentário do Rashi sobre este versículo mas o representante do ministro falou que ele conhecia esta explicação. Ele queria, entretanto, saber a interpretação do próprio Rabbi.

“Você acha que a Tora é eterna, que ela transcende o espaço e o tempo?”

“Eu acho”.

“A explicação é a seguinte. Quando um homem atinge uma certa idade (e o Rabbicitou a idade exata de seu interlocutor), D´us se dirige a ele e lhe faz uma pergunta:

“Onde você está?”

Qual é a sua situação moral? Você sabe porque motivo você foi criado na terra? Qual é a missão que você recebeu? E, o quê que você já realizou?”

3. A visita do Tzar

Esse importante funcionário ficou muito impressionado com a resposta do Rabbisobre sua pergunta. Ele foi chamado pelo Tzar para prestar contas de sua entrevista e lhe contou o que tinha ocorrido com este estranho prisioneiro. O Tzar ficou intrigado e decidiu ir se encontrar com o Rabbi Shneor Zalman. Entretanto, ele não queria que sua visita se tornasse pública e decidiu não revelar quem ele era. Ele colocou então roupas simples e entrou na cela.

Quando o Tzar entrou, o Rabbise levantou e recitou a bênção que é dita na presença dos reis. Ele lhe concedeu a maior honra e o Tzar não tinha mais nenhuma dúvida de que o Rabbio reconheceu, mesmo que ele tivesse tentado esconder sua identidade.

“Como é que você sabe quem eu sou?”

“A realeza terrestre é a imagem da realeza celeste, respondeu o Rabbi. Desde que você entrou, eu senti que estava diante de um rei. Eu nunca tive uma sensação como esta diante dos empregados da prisão ou dos juízes.”

Rapidamente o Tzar percebeu que as acusações contra o Rabbi não tinham fundamento. Ele pediu que ele fosse libertado e o autorizou também a continuar seu ensinamento da Chassidutcomo antes. Foi na terça-feira dia 19 Kislev que o Rabbi ficou sabendo que estava livre. Ele estava nesse momento lendo os Tehilim e recitava exatamente o versículo “Ele liberou minha alma em paz”. Isso aconteceu em 5548 (1799). A partir desta data, muitos judeus festejam todo ano o dia 19 Kislevcomo sendo a “festa da libertação” e “o Rosh Hachana da Chassidut”.

Além dos esclarecimentos que eles obtiveram com as perguntas diretamente ligadas ao julgamento, os juízes tiveram a ocasião de perceber a grande sabedoria do Rabbi em diferentes áreas. Assim, eles o trancaram uma vez num quarto escuro. Apenas a luz fraca de uma vela o iluminava. Os raios de sol e a luz do dia não entravam de maneira nenhuma. Dessa maneira eles queriam saber se o Rabbi saberia diferenciar o dia da noite. Um dia, às duas horas da tarde, eles lhe perguntaram:

“Porque você não vai dormir? São duas horas da manhã!”

“Está errado, respondeu o Rabbi, são exatamente duas horas e cinco da tarde.”

“Como é que você consegue saber com tanta precisão?”

“Por que cada hora do dia corresponde a uma combinação diferente do Nome Divino Avaya,e cada hora da noite à uma Combinação do Nome Adonai. Graças a estas Combinações, podemos determinar a hora precisamente.”

4. Cacherout na prisão

O Rabbi Shneor Zalman foi preso na fortaleza Petropavlov. Mas ninguém sabia onde ele estava nem se ele ainda estava vivo. Entretanto, D´us deu aos Chassidim de Petersburgo o meio de descobrir o lugar onde o Rabbi estava encarcerado.

Uma vez, o representante do ministro disse ao Rabbi:

“Eu gostaria de fazer um serviço para você, mesmo que ele seja pouco importante. O quê que eu poso então fazer por você?”

“Você poderia dizer para minha família que eu ainda estou vivo?”

“Como é que eu conseguirei fazer isso? Teus difamadores não são Judeus? Se eu me dirigir a um judeu, como é que eu vou saber se ele é um Chassid ou um oponente da Chassidut?”

“Se você encontrar um homem usando roupas desemparelhadas, fique sabendo que se trata do meu cunhado que se chama Israel Kasik. Antes de ser preso, eu mandei que ele fosse logo para Petersburgo. Eu tenho certeza que ele me obedeceu.”

O representante ficou particularmente impressionado com a afirmação do Rabbi Shneor Zalman. Ele prometeu transmitir o recado e manteve a palavra. Ele percorreu as ruas da cidade e encontrou um homem que correspondia com a descrição de Israel Kasik. Ele lhe perguntou:

“Como é que você se chama?”

O Rabbi Israel tinha viajado com um passaporte de outra pessoa. Ele deu então o nome que estava no passaporte, e o importante funcionário lhe disse:“Mentiroso!” Depois, ele se foi.

O Rabbi Israel Kasik ficou muito espantado com o que tinha acontecido. Ele se abriu com os Chassidim e eles concluíram que alguma coisa estava por trás disso. Eles decidiram que o Rabbi Israel andaria pelas ruas no dia seguinte. Se ele encontrasse novamente esse homem, ele lhe diria seu verdadeiro nome. Foi o que aconteceu. O funcionário visitou o Rabbi e lhe disse que ele tinha encontrado um homem que correspondia com a descrição de seu cunhado, mas que tinha um outro nome. O Rabbi Shneor Zalman percebeu que ele tinha pego um passaporte emprestado e pediu que ele tentasse encontra-lo mais uma vez.

O homem aceitou. Percorrendo as ruas da cidade, ele encontrou Israel Kasik e lhe perguntou seu nome. O cunhado do Rabbi evitou falar sua verdadeira identidade e o homem não respondeu. Ele andou lentamente e o Rabbi Israelo seguiu. Ele foi para sua casa e entrou. O Rabbi Israel ficou do lado de fora. De repente, uma melancia caiu da janela. O Rabbi Israelpercebeu que era para ele. Ele a pegou, e foi até a casa de um dos Chassidim. Lá eles a abriram e encontraram um papel escrito a mão pelo Rabbi:

“Ouça Israel, Nosso D´us é eterno, o eterno é Um.”

Eles ficaram sabendo então, graças a D´us, que o Rabbi estava vivo e que a esperança se mantinha. Todavia, eles não sabiam ainda onde o Rabbiestava preso. Eles só ficaram sabendo alguns dias mais tarde.

Na verdade, o Rabbi não comia há vários dias, pois não tinha comida kosher. O responsável pela prisão pensou que ele temia o julgamento e estava fazendo jejum para morrer. Ele pediu várias vezes que ele comesse, e como ele não o escutava, ele enviou soldados para obriga-lo a comer. Mas o Rabbi fechou fortemente sua boca e eles não conseguiram realizar sua missão. O representante do ministro chegou na hora e assistiu à cena.

“O quê que está acontecendo aqui? Ele perguntou. Não podemos forçar um homem como este. Temos que tentar convencê-lo.”

Ele se virou para o Rabbi e perguntou:

“Porquê você não está comendo? É possível que você se livre de qualquer acusação no julgamento. É até mesmo muito provável. Se você se recusar a comer, você será responsável pela sua própria morte e, segundo a Lei de Israel, você não terá lugar no mundo futuro.” “Se eu te der comida kosher, eu posso confiar em você?”

“Nesse momento eu não preciso de comida, pois meu estômago está fraco por causa do jejum. Eu preciso de um fortificante. Se você me der um remédio preparado por um judeu, eu comerei.”

“Posso confiar em você se eu o trouxer?”

“Se você o receber das mãos de um judeu e que ninguém além de você o toque até ele chegar até mim, eu o comerei.”

Em Petersburgo, a capital, morava um dos maiores Chassidim, o rico Rabbi Mored´hai de Lyéplé, que todos os ministros respeitavam por sua honestidade e sua maneira correta. O funcionário pediu que ele preparasse um remédio kosher, destinado a um Judeu. O Rabbi Morde´hai teve o pressentimento que se tratava do Rabbi Shneor Zalman. A quem mais este remédio seria destinado? Ele preparou então o remédio e colocou, entre este e o prato, um papel no qual ele escreveu:

“Para quem é esse remédio? Onde está seu destinatário?”

Ele assinou em seguida seu nome. O representante do ministro pegou o prato, com seu conteúdo e o levou para o Rabbi que achou o papel. Ele comeu o que estava no prato mas deixou um pouco. Ele colocou um papel no qual ele escreveu:

“Eu sou aquele que está comendo e estou em Petropavlov”.

Depois ele pediu que o funcionário trouxesse outra vez esse remédio. O homem devolveu o prato ao Rabbi Morde´hai que achou o papel. Todos os Chassidimficaram então aliviados e o Rabbi Morde´hai preparou um outro remédio para o Rabbi.

KI TAVO
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