3. Ekev
Kol Hamoshiach
PARASHAT EKEV
Conteúdo da Parashá:
I. As recompensas prometidas ao povo de Israel por fazer Mitsvot.
II. A obrigação de afastar da terra de Canaan da idolatria.
III. A bondade de Hashem para com o povo no deserto.
IV. Moshé relembra o pecado do Bezerro de Ouro.
V. Moshé repete os dez mandamentos.
VI. Moshé recorda os milagres no deserto e enumera as qualidades da terra de Israel.
VII. Outra exortação para cumprir os mandamentos, no segundo parágrafo do Shemá.
Resumo da Parashá:
Moisés, na beira do Jordão, antes da entrada em Israel, continua lembrando ao povo judeu as bondades e os milagres que D’us fez a ele. Ele anuncia todas as bênçãos que seguirão sendo dadas a ele se obedecer à Torá, e solicita que sejam sempre fiéis a ela.
Moisés promete aos judeus que D’us os abençoará se respeitarem seus Mandamentos, protegendo-os, dando-lhes a terra de Israel, e expulsando os outros povos de diante deles. Ele lhes recorda também como D’us perdoou o pecado do Bezerro de Ouro e deu as segundas Tábuas da Lei.
Os sete Shabatot que seguem o 9 de Av, o aniversário da destruição do Beit Hamicdash, são chamados “os sete consolos”. Este shabat faz parte deles. Tanto a parashá quanto a haftará que lemos neste período nos falam de consolo e de Gueulá, redenção.
Para entender melhor o que quer dizer Gueulá, é preciso pensar no que quer dizer Galut, exílio. Começamos por conhecer a sua causa, e então poderemos reparar o que precisa ser reparado; e quando a Galut não tiver mais razão de ser, a Gueulá vai chegar.
Quando um homem está doente, se ele sabe disso e o entende, ele pode ir ao médico que vai lhe prescrever medicamentos para tomar e assim ele vai se curar. Isto quer dizer que conhecer a doença é estar meio curado.
Do mesmo modo, quando se compreende o que é a Galut, se avança já em direção à Gueulá. Pode-se dizer que a cura já começou.
Antes de chegar a Israel, depois da saída do Egito, os judeus ficaram muito tempo no deserto. Hoje, do mesmo modo, antes da Gueulá, estamos num exílio comparável ao deserto. Se entendermos bem o que é o deserto, compreenderemos ao mesmo tempo o que é o exílio, o que é preciso consertar e como sair quando a Gueulá chegar.
Nossa parashá descreve o deserto. Ela nos diz: “Um deserto grande e terrível, serpentes que queimam e escorpiões, sede onde não há água”.
Um deserto é um lugar onde não cresce nada, onde não se pode viver. Ele representa um lugar em que nenhum judeu mora, onde ninguém respeita a Torá e as Mitsvot.
Como nossa parashá fala do deserto? Ela diz que é “um grande deserto ...” O que provocou em primeiro lugar a Galut, o exílio, é justamente o “grande deserto”, isto é, o fato de um judeu pensar que o deserto é grande. Quer dizer que quando um judeu se considera pequeno e o mundo que o cerca, onde não se respeita a Torá e as Mitsvot, grande, ele já está no exílio.
O deserto não somente é “grande”, mas se torna também “terrível”, e assusta. O judeu sai para conhecer o mundo que o cerca. Então, mesmo na sua própria casa, ele vai ter medo dele.
O exílio se torna duro e amargo, a ponto do judeu sentir sede. Ele quer sair do deserto, encontrar água, isto é Torá. Mas, diz a Parashá, “não há água”. Ele nem sabe mais, sede de que ele tem. Ele se afastou tanto da Torá que nem sabe o que está lhe faltando.
Quando queremos sair do exílio, é preciso começar por consertar sua primeira causa. É preciso suprimir o “grande deserto”, não se deixar impressionar pelo mundo que nos cerca, não se sentir pequeno diante dele, pelo contrário, SENTIR TODA A FORÇA DO JUDAÍSMO, recordar sempre que D’us nos elegeu para cumprir a Sua vontade.
Façamos desaparecer a causa do exílio, e este desaparecerá automaticamente e a Gueulá chegará.
____Esses quarenta anos que os judeus passaram no deserto foram uma preparação para o que deveriam fazer em Israel.
De fato, podemos saber se nosso serviço a D’us é bom e sólido de verdade quando se apresentam obstáculos e provações. Se nestes casos, notamos que não somos perturbados, é que nosso serviço a D’us é verdadeiramente profundo.
Na realidade, os quarenta anos passados pelos judeus no deserto foram também uma prova. Existem provas de dois tipos: a da pobreza e a da riqueza. No deserto, os judeus tiveram as duas ao mesmo tempo, e foi no Maná que foram percebidas.
A Maná era o “pão do céu”. Os judeus não precisavam se cansar para encontrar alimentos. Ela chegava sozinha diariamente. Ela não deixava resíduos e tinha todos os sabores que podiam se imaginar. Além do mais, junto com ela caiam pedras preciosas. Ela representava sob todos os pontos de vista a riqueza.
Por outro lado, ela também tinha um aspecto de pobreza. Os judeus que só comiam isso não ficavam tão satisfeitos quanto se tivessem comido uma comida normal. De fato, um homem que tem muito para comer na sua casa, fica mais facilmente satisfeito que aquele que possui muito pouco. Os judeus só recebiam a maná uma vez por dia. E eles nunca tinham provisões para o dia seguinte.
Vemos então que a Maná tinha esses dois lados: a maior riqueza e a pobreza.
Em si própria, a Maná representava a riqueza. Era um alimento que vinha de D’us a ponto que, mesmo descendo sobre a terra, não deixava nenhum resíduo. Era até superior ao que os homens podiam ver ou sentir. Eles só conseguiam ver a Maná mas não viam os outros alimentos cujo gosto sentiam ao comê-la. Isto lhes fazia falta.
D’us fazia a Maná descer todo dia; os judeus não estavam realmente seguros de recebê-la. Era para eles como uma prova de pobreza. Quer dizer que, do Seu lado, D’us dava a Maná, a maior riqueza, mas os judeus não conseguiam recebê-la: e percebiam isso como uma falta.
Estes dois tipos de provas foram uma preparação com respeito às Mitsvot depois da entrada em Israel.
Quando um homem se torna rico, não precisa pensar que é sua própria força e sua inteligência que lhe valeram tudo isso. Ele deve sempre lembrar que foi D’us que lhe deu a mesma. Por outro lado, D’us nos guarde disso, se ele fica pobre, ele deve saber que “nenhum mal desce do céu”. Se ele teve que passar por provações, foi por seus próprios erros, e ele deve aceitá-las de bom grado. D’us só da o bem; só que, de vez em quando, não conseguimos vê-lo.
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“E será se escutares estas leis, se as guardares e as cumprires, D’us, teu D’us, guardará a aliança e a bondade que Ele havia jurado aos teus pais.”
O termo “se”, “Equev”, é sinônimo de “calcanhar”. Estranho ... Mais ainda, considerando que esta é a única vez que o encontramos com este sentido na Torá.
Rashi comenta com respeito a isso: “Se respeitares até os mandamentos mais simples, mais banais, que o homem tem o costume de pisar com o calcanhar... só então Eu te darei as Minhas bênçãos”.
É um grande erro pensar que os judeus devem se submeter à Torá apenas nas suas linhas gerais.
A Torá exige um respeito escrupuloso, meticuloso de cada detalhe da vida quotidiana.
Revelar o Absoluto, o Divino, nos detalhes do dia a dia, esta é a finalidade do judaísmo, assim é o nosso caminho.
Este é o preço para que as bênçãos divinas se revelem efetivamente em todos os detalhes da vida e que se realizem os termos da aliança.
DOMINGO 14 de Menachem
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Rishon de Equev com Rashi
Tehilim: 72 a 76
Tania:
· Em Minchá não se fala Tachanun.
O dia 14 de Menachem Av 5701 (1941) marcou o qüinquagésimo ano desde que meu pai (o Rebe Rashab) me pediu que começasse a anotar as histórias que ele me contava.
Quando o Tsémach Tsédec começou a redigir comentários talmúdicos e chassídicos e da Chassidut, o Admor Hazaquen lhe disse:
“Adquire um amigo para ti”, “U Cné” (adquire) se le também “Ve Cané” (e a pena), “e a pena será para ti um amigo”.
Uma vez, meu pai (o Rebe Rashab) citando o Admor Hazaquen, disse: “e a pena será para ti um amigo”. E ele explicou: é da pena do coração que se trata aqui. Cada coisa que se aprende deve constituir uma experiência emocional.
SEGUNDA 15 de Menachem Av
· Não se fala Tachanun.
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Sheni de Equev com Rashi
Tehilim: 77 a 78
Tania:
Meu pai (o Rebe Rashab) notou:
“A superioridade de 15 de Av em relação aos outros dias 15 do mês, é a seguinte: de maneira geral, esta data é de lua cheia, quer dizer da mais alta revelação. Entretanto, este astro só recebe luz.
Por outro lado, durante o 15 Av, esta luz se revela de maneira fixa já que a ascensão se faz na medida do grande descenso de Tishá Be Av.
Este é o sentido da expressão “a força do sol está enfraquecida” (a partir de 15 de Av com respeito à sua intensidade durante o verão). Os idólatras baseiam seu calendário no sol, símbolo do mal, que a partir do dia 15 está enfraquecido. Assim aconteceu na época do Templo, quando todas as nações estavam submetidas ao Rei Shlomo.
Quanto mais assim será no mundo futuro, quando as nações “serão atraídas em direção a Ele”, alcançando uma submissão total, quando “Eu retirarei o espírito de impureza da terra”. Um gosto prévio de tudo isso pode ser percebido no dia 15 de Av, quando a força do sol está enfraquecida.
TERÇA 16 de Menachem Av
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Shelishi de Equev com Rashi
Tehilim: 79 a 82
Tania:
As viagens do Baal Shem Tov, logo depois dele ter se revelado, tinham três objetivos: liberar os prisioneiros, reforçar a Torá e a devoção e revelar a parte oculta da Torá.
O Admor Haemtsaí dava, a seguinte explicação com respeito a isso:
“A parte revelada da Torá é chamada ‘água’. E a tendência é ir em direção à água.
A parte oculta da Torá é denominada ‘fogo’. E todos temem o fogo.
Esta é a razão pela qual o mestre deve ir em direção ao discípulo e dizer-lhe: Não tenha medo. ‘O Eterno teu D’us é um Fogo que devora’.”
(Não há lugar, portanto, para temer o fogo da parte profunda da Torá, por que a origem deste é divina.)
QUARTA 17 de Menachem Av
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Revií de Equev com Rashi
Tehilim: 83 a 87
Tania:
O Tsémach Tsédec explicou a relação entre a parte oculta da Torá e o fogo: é ela que vivifica o aspecto revelado da Torá.
Quando se aprende uma Halachá com a consciência que, depois de cento e vinte anos, se estudará esta mesma Halachá no Gan Éden, se tem a sensação de ser penetrado por uma pequena chama.
QUINTA 18 de Menachem Av
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Chamishi de Equev com Rashi
Tehilim: 88 e 89
Tania:
O Admor Haemtsaí diz, em nome do Admor Hazaquen:
“Ahavat Israel deve penetrar até a própria essência da existência”.
SEXTA 19 de Menachem Av
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Shishi de Equev com Rashi
Tehilim: 90 a 96
Tania:
Aqueles que rezam com quatro pares de Tefilin devem adotar a seguinte maneira de agir:
· Coloca-se sobre o braço e sobre a cabeça, os do “Rashi” antes de “EizéHu Mecoman” (Sidur p. 23). Reza-se com eles até “Ach Tsadiquim”(Sidur p. 85).
· Retira-se a “cabeça” de Rashi e coloca-se, sem bênção, os de “Shimushá Raba”. Diz-se o Shemá até Emet e os Tehilim correspondentes a este dia, de acordo com a divisão mensal. Aqueles que eram meticulosos no cumprimento das Mitsvot os estudavam com os comentários de Rashi e dos Metsudot.
· Depois, colocam-se os Tefilin de Rabénu Tam, sem bênção. Diz-se o Shemá até Emet, depois Cadosh (Sidur p. 85) e as Zechirot que estão impressas no Sidur (p.86). Estuda-se em seguida um capítulo de Mishná, cada um de acordo com seu entendimento.
· Finalmente, tira-se a “cabeça” de Rabénu Tam e coloca-se a de Rabad, sem bênção. Faz-se o Shemá até Emet. Estuda-se uma passagem do Chumash com o comentário de Rashi extraído da Parashá da semana, domingo até o Sheni, segunda até Shelishi e assim sucessivamente.
(Convém notar que o Rebe Shlitá de Lubavitch pede que se coloquem os Tefilin de Rabénu Tam desde a idade de Bar Mitsvá.)
SHABAT 20 de Menachem Av
· Quando se lêm os Dez Mandamentos, fica-se de pé com o rosto voltado para o Sefer Torá.
Passagens a serem estudadas:
Chumash: Shevií de Equev com Rashi
Tehilim: 97 a 103
Tania:
Os Tefilin, por exemplo, têm um lugar preciso sobre a cabeça e o braço. Quando são colocados, sente-se o peso daquele que está na cabeça, e o aperto do que está no braço. Assim deve ser também com respeito ao amor e ao temor a D’us. O Rambam escreve (Iessodei Hatorá 2, 1):
“Este D’us, honroso e temível, há uma mitsvá para amá-Lo e temê-Lo, como está escrito, ‘tu amarás o Eterno teu D’us’ e ‘o Eterno teu D’us, tu O temerás’.
Estas Mitsvot devem, portanto, ser postas em prática até o ponto de provocarem uma sensação física. A carne do corpo deve senti-las. Quando se encontra um amigo fiel, sente-se prazer e esquecem-se as preocupações. E mais do que isso, a pessoa é penetrada de uma vitalidade nova, se torna otimista e tem uma boa disposição.
O mesmo acontece com o temor a D’us. Ele deve ter por efeito tomar-nos de um grande pavor. Ao senti-lo, se recordará dos maus pensamentos, das más palavras e das más ações. Conceber-se-á uma dor evidente por medo da punição e por medo de D’us. Às vezes, este sentimento pode ter sido também provocado pela vergonha que se sente diante de D’us ou pelo medo que Sua majestade transcendente suscita.”
(Foi nesta data que deixou o mundo, em 5704-1944, Rabi Levi Itschac Schneerson, o pai do Rebe Shlitá, que foi encarcerado e exilado por haver difundido o judaísmo. Ele perdeu a vida no exílio, no vigésimo dia do mês de Av.)